Para
que se entenda o porquê de certas marcações nos distintivos, devo lembrar que,
embora tenha sido criada em 1948 e gerida por Oficiais da Força Pública, a
Polícia Rodoviária estadual pertencia ao Departamento de Estradas e Rodagem
(DER) até 1962.
Por
essa razão, os distintivos tinham as inscrições DER no centro do escudo, como
se pode observar no distintivo abaixo.
No museu da Polícia Militar de São Paulo há este distintivo da época:
O formato do distintivo foi claramente
inspirado na logomarca das motocicletas Harley Davidson, primeiros modelos a
serem usados pela Polícia Rodoviária paulista.
Pelo que observei de modelos
sobreviventes e fotos colorizadas, o metal era sempre dourado.
Outra característica que se pode
verificar é com relação aos esmaltes:
Haviam dois tipos: Vermelho para
Oficiais e Sargentos e azul para Cabos e Soldados.
Presumo que as cores dos esmaltes
foram preservados depois da incorporação da Polícia Rodoviária à Força Pública.
Abaixo uma imagem colorizada de época
de um Policial Rodoviário:
Essa foto certamente é pré 1962 e, pela numeração do distintivo, esse foi um dos fundadores da Polícia Rodoviária.
Característica marcante dos modelos vistos antes de 1962 é a numeração individualizando cada policial nos distintivos, ao invés do nome na camisa, como se faz hoje com as plaquetas de identificação.
Outro
item exclusivo da Polícia Rodoviária dessa época era o quepe e seu distintivo:
A cobertura
tinha esse desenho para evitar que o vento batesse e a arrancasse da cabeça do policial. O formato da cobertura ainda é o basicamente o mesmo até hoje, mas, a cor mudou e o distintivo
passou a ser o padrão de toda a Corporação a partir de 1962.
A
partir de 1962, época da integração da Polícia Rodoviária à Força Pública,
surge novo distintivo.
Meu
amigo, Cabo Ivair Oliveira, veterano e apaixonado pela PMESP gentilmente me
cedeu esta imagem do seu acervo pessoal:
Temos algumas diferenças quanto ao modelo anterior a começar pela mudança no círculo no campo superior
do escudo que teve os números substituídos pelas iniciais FP.
As
iniciais DER no centro do escudo também desapareceram.
Quanto
a esta peça em particular vejo que ela foi muito usada, tendo sido submetida às
intempéries da pista, junto com seu antigo dono.
O
leitor pode observar um detalhe na peça acima: ela teve seu esmalte retocado.
Uma tinta azul opaca foi
aplicada sobre a resina semitransparente original. O que pode ser um mero
detalhe é muito revelador sobre o dono da peça. Se ele se preocupava com esse
nível de detalhe é de se supor que o Cabo Ivair devia ser detalhista também no
seu trabalho diário sem falar do apreço que ele tinha pelas coisas da
Corporação. Tanto assim que guarda a peça até hoje. Uma peça de fardamento pode
revelar muito sobre um profissional.
Muitos Policiais Rodoviários continuaram a usar os distintivos antigos depois de 1962, mas, como a partir daí os metais para praças passaram a ser prateados, eles removeram o banho dourado, retirando também o esmalte.
Em
1970 tivemos nova alteração na estrutura e nome da polícia paulista e, consequentemente, do
distintivo.
Abaixo
vemos o distintivo dessa época usado de 1970 a 1988:
Uma
curiosidade é que o Cabo Ivair me disse que usou o modelo anterior com os
dizeres FP (Força Pública), fornecido pela Corporação, bem depois da criação da
PMESP. Segundo ele, o distintivo foi usado entre 1976 e 1995 quando a
Corporação lhe forneceu um modelo atualizado.
Aparentemente
a PMESP tinha muitos distintivos FP em estoque e não quis desperdiçá-los.
A partir de 1988 tivemos a mudança de uniformes e várias alterações nos distintivos da PMESP. Abaixo, o modelo da época:
O distintivo passou a ter a inscrição POLÍCIA MILITAR RODOVIÁRIA e não apenas POLÍCIA RODOVIÁRIA. O círculo no campo superior do escudo foi substituído pelo símbolo de Polícia Militar adotado pela Inspetoria Geral de Polícia Militar - IGPM.
Recentemente os dizeres do distintivo foram alterados novamente
Os dizeres no escudo passaram a ser POLICIAMENTO RODOVIÁRIO:
Agradeço aos meus amigos Cabo Ivair Oliveira e Marco Loiacono, veteranos e apaixonados pela Polícia Militar, em especial pelo Policiamento Rodoviário, pelas imagens das peças de seus acervos pessoais bem como pelas informações preciosas.