Se
hoje achamos que as grandes cidades brasileiras são violentas, ao estudarmos a
história vemos que já passamos por momentos absolutamente terríveis.
Na
manhã de cinco de julho de 1924 tem início uma revolta liderada pelo General do Exército Isidoro Dias Lopes visando mudanças na república.
No confronto, a cidade de São Paulo foi bombardeada por revoltosos e legalistas,
matando e ferindo a população da região central da cidade, provocando pânico e o êxodo de pessoas. A cidade foi abandonada, consumando a tragédia.
Parte
do Exército e da Força Pública se rebelaram, mas, ninguém sabia ao certo de que
lado essa ou aquela Unidade estava, aumentando ainda mais a confusão.
Na
tentativa de se evitar mais mortes, o General Isidoro Dias Lopes, determinou
que os revoltosos saíssem da cidade, movimento que, mais tarde, se
transformaria na famosa Divisão Revolucionária, comandada por Miguel Costa e
que teve por chefe do Estado Maior, o Capitão do Exército Luiz Carlos Prestes.
A Revolta de 1924 deu origem a motins também em outros estados, como o Rio Grande do Sul e o Amazonas, todos exigindo a renúncia do presidente Artur Bernardes.
São Paulo ainda tem cicatrizes desse confronto, como se pode ver na imagem abaixo da chaminé da usina de energia elétrica, ao lado do quartel da Luz:
Os buracos são de bala de canhão e marcam a memória terrível daqueles eventos.
Passada
toda a confusão, a ordem foi, aos poucos, se restabelecendo na cidade enquanto
os revoltosos partiam para o interior do Estado.
Naquele
mesmo ano em sete de setembro de 24 era criada a MEDALHA DA LEGALIDADE para
condecorar os componentes da Força Pública que atuaram contra os revoltosos:
Essa medalha
era destinada àqueles que participaram do
lado legalista do confronto de cinco de julho daquele ano.
Era concedida
em três graus:
Oficiais –
Ouro
Graduados –
Prata
Demais Praças
– Bronze
Tinha forma
circular, no anverso, havia a efígie do Regente Diogo Antonio Feijó e, acima,
em semicírculo, os dizeres: “ESTADOS UNIDOS DO BRAZIL”.
No reverso,
escrito acima em semicírculo, os dizeres: “ESTADO DE SÃO PAULO”.
Na parte
inferior dois ramos de louro e, no centro, os dizeres: “PELA LEI. DECRETO
3726-A”.
A medalha pendia de uma fita com quinze listras em verde e amarelo.
Pouquíssimos
exemplares ainda restam hoje, mas, não é por acaso nem descuido de seus antigos
donos, como veremos a seguir.
O tempo foi
passando, e os mesmos atores dos eventos anteriores estariam presentes em um
novo episódio: a revolução de 1930.
Naquele ano,
Getúlio Vargas assumiu o poder no Rio de Janeiro.
Miguel Costa,
revoltoso de 24, já promovido a General, assumiu o Comando Geral da Força Pública e, em novembro
de 1930, caçou a medalha, determinando em boletim geral:
A saga dessa
medalha não para aí.
Passada a
ditadura Vargas, o famigerado “Estado Novo”, a medalha volta a poder ser usada
e é devolvida, ao menos no papel, aos seus antigos donos:
Por conta desse vaivém, muitas medalhas acabaram desaparecendo e, atualmente, a
“Medalha da Legalidade” é uma condecoração bastante valorizada e procurada
entre os colecionadores brasileiros e, quando encontrada à venda, é logo adquirida.
Essa foi a terceira medalha criada especificamente para condecorar milicianos paulistas.
Essa foi a terceira medalha criada especificamente para condecorar milicianos paulistas.
Conheço
só uma medalha de ouro sobrevivente, atualmente preservada junto à família do General
Julio Marcondes Salgado.
Sei de apenas mais
uma medalha de prata e três em bronze, todas com colecionadores.