Era costume se dizer que se
um Aluno do segundo ano do Curso Preparatório fosse metade do que ele imaginava
ser ele já poderia receber as estrelas de Coronel...
Tive a honra de ser Aluno
Oficial do Curso Preparatório de Formação de Oficiais e posso dizer que era isso
mesmo!
O CPFO, CP para os íntimos, era
um curso de segundo grau ministrado pela PMESP nos moldes dos atuais Colégio
Naval e Escola de Preparatória de Cadetes do Ar.
Ao final do Curso o Aluno
Oficial era matriculado no Curso de Formação de Oficiais.
Confesso que não sei quando
o CP foi criado, mas, foi extinto em 1992 por medida de economia
ou sei lá o quê.
Ainda temos Oficiais que ainda
estão na ativa e orgulhosamente ostentam este distintivo.
Uma curiosidade é que esse
distintivo nunca foi regular até o mês passado. Quem o usava sabia disso, mas,
usava mesmo assim (como eu...).
Abaixo duas imagens do “poderoso
segundo CP” em exercício de tiro em 1982 (fuzil mauser modelo 1936!!!) com o então 1º Tenente Airson :
É
importante lembrar que este não é o distintivo do Curso de Formação de Oficiais
(CFO) sobre o qual comentarei em outra postagem.
Meu amigo, Coronel Nilson Carletti me mandou o texto da proposta de criação do distintivo:
"DISTINTIVO DO CPFO - PROPOSTA
A proposta inicial é a de distinguir os integrantes da Polícia Militar do Estado de São Paulo que concluíram o Curso Preparatório de Formação de Oficiais (CPFO) realizado na Academia de Polícia Militar do Barro Branco (APMBB), com a concessão de um distintivo, que será elaborado em metal e/ou tecido, para uso nos uniformes da Instituição, fixado por um alfinete com 35 mm ou bordado com velcro, observadas regras de uso específicas do Regulamento de Uniformes da PMESP.
Como afirma Wykes, na introdução da obra de Jack Pia, "insígnias e símbolos são usados pelo homem desde a mais remota antiguidade, e qualquer povo, por mais primitivo, os ostenta. Eles estão presentes em nosso dia-a-dia, e são aplicados na técnica das comunicações, na heráldica, na museologia, na propaganda comercial, na psicologia... Especialmente no campo da indumentária, eles surgem em grupos e fraternidades religiosos, militares, cívicos, maçônicos, esportivos, estudantis e outros para, através de uniformes e ornatos, torná-los reconhecíveis aos demais, e dentro do próprio grupo, para distinguir os diversos graus de autoridade e de aperfeiçoamento."
Apesar da falta de registros históricos mais precisos, é sabido que o interesse em apresentar proposta de tal distintivo surgiu entre a Oficialidade acadêmica, na década de 1980, quando funcionava regularmente na Academia do Barro Branco, o CPFO.
Por várias razões, o desenho em análise neste documento foi elaborado naquela ocasião, pretendendo reunir de forma singela, a esfera armilar (retirada do brasão da Academia do Barro Branco) e sobrepondo a tudo, as três estrelas de ouro, que simbolizavam o escudete do Aluno-Oficial que frequentava o 1º ano (1 estrela) e o 2º ano (2 estrelas) do CPFO.
Trata-se de uma figura harmônica, formada por um escudo redondo (o costume, então, mandava utilizar o escudo português clássico) filetado de ouro; sem acrescentar "asas", "tenentes" (figuras humanas), ramos de louro e carvalho ou armas (fuzil e espada), como era tradicional naquele tempo; mas apesar do tamanho reduzido (ou da simplicidade do desenho), o distintivo reúne nesse conjunto, elementos que traduzem grande valor para quem encarou o desafio de frequentar o CPFO (e certamente para os Cmt da então 4ª Cia Es, entre as décadas de 1970 a 1990).
DESCRIÇÃO HERÁLDICA
O distintivo é composto por escudo redondo, com 16 mm de diâmetro, filetada de ouro, contendo a esfera armilar - que representa autoridade, concórdia, eternidade, ciência - com cinco meridianos, o equador, os trópicos, os círculos polares e uma eclíptica colocada em banda, atravessando diagonalmente; sendo todas as armilas de ouro - metal heráldico que indica nobreza, esplendor, glória, fé, justiça; ao fundo da esfera armilar, destaca-se um campo de blau - esmalte azul que simboliza perseverança, zêlo e lealdade, glória, vigilância, fortaleza, constância, amor da pátria, fama, vitória; sobrepostas à esfera, três estrelas de ouro - indicam guia seguro, aspiração a coisas superiores e ações sublimes -, sendo uma à destra, situado entre o equador e o trópico de capricornio, sobre o meridiano, e outras duas à sinistra, estando a superior situada entre o trópico de câncer e o círculo polar ártico e a inferior entre o equador e o trópico de capricórnio.
DISTINTIVO DO CPFO - CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS SOBRE A PROPOSTA
A esfera armilar dourada empregada em bandeiras da monarquia portuguesa é considerada, em alguns trabalhos sobre vexilologia, como sendo o pavilhão privativo do Príncipe do Brasil - título do príncipe herdeiro do trono de Portugal, a partir do reinado de D. João IV (http://3.bp.blogspot.com/Bandeira_Reino_Brasil_azul).
O certo é que D. João II concedeu ao Infante D. Manuel (1495 - 1521), por divisa pessoal a figura da esfera armilar, um instrumento já utilizado pelos antigos gregos para dar idéia da movimentação aparente dos astros; essa esfera compunha-se de dez círculos ou armilas: o meridiano, o horizonte, os dois coluros, a eclíptica com o zodíaco, os dois trópicos, os dois círculos polares, figurando a terra no centro.
Nesta época, D. Manuel era nomeado Governador do Mestrado da Ordem de Christo (que surgiu no lugar das antigas Ordens dos Cavaleiros Templários e dos Hospitalários) , com sede em Tomar, no antigo castelo dos Templários, cuja edificação será ampliada posteriormente para nele criar a Escola de Sagres (EMC, PRODESAN, 64).
Na tradição heráldica, a esfera armilar representa autoridade, concórdia, eternidade, ciência (Ronchetti, 468 e 897).
Na tradição acadêmica, a esfera armilar associada à figura do livro aberto encimado pela estrela e circundado pelos ramos de louro e carvalho, já está caracterizada como símbolo do ensino policial-militar, uma vez que o conjunto todo compõe o distintivo do CFO.
A estrela tem cinco pontas em raio (Moya, 103); indica esperança de sucesso diante de uma ação arriscada (Coston, 108); significa explendor de nobreza (Bouillet, Dic.); simboliza também, guia seguro, aspiração a coisas superiores e ações sublimes (Guelfi, 521).
Em heráldica, as cores empregadas em brasões, distintivos, etc, são designadas genericamente de "esmaltes". Os esmaltes são classificadas em metais (ouro; prata), cores (goles = vermelho; blau = azul; sable = negro; sinople = verde; púrpura) e forros (arminhos; veiros) (Matos, 75).
É sabido que cada cor tem um significado especial, assim podemos afirmar que o ouro indica nobreza, riqueza, esplendor, glória, poder, força (Guelfi, 291); é o mais nobre esmalte (metal) do brasão: simboliza a força, a fé, a riqueza, o mando (Guelfi, 396); a justiça, clemência, generosidade, amor, pureza, saúde, alegria, prosperidade, vida longa, eternidade, poder, constância (Asencio, 60).
Por outro lado, o azul (blau), simboliza justiça, perseverança, zêlo e lealdade (Asencio, 63); representa firmeza incorruptível, glória, virtude (Guelfi, 64); o azul nos guerreiros exprime vigilância, fortaleza, constância, amor da pátria, fama, vitória (Crollalanza).
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA
_________. A Bandeira e Simbolos Nacionais - Diário Oficial do Município de Santos - Série Educação Moral e Cívica - 1; PRODESAN; 1970.
Matos, Gastão de Mello de et Bandeira, Luis Sttubs Saldanha Monteiro. Heráldica. Ed Verbo. Lisboa. 1969
Moya, Salvador de. Biblioteca Genealógica Latina - Simbologia Heráldica; Suplemento da Revista Genealógica Latina. São Paulo, 1961. http://3.bp.blogspot.com/Bandeira_Reino_Brasil_azul http://brasilidadenossa.blogspot.com.br/2010/10/bandeira-brasileira-significado.html"
Meu amigo, Coronel Nilson Carletti me mandou o texto da proposta de criação do distintivo:
"DISTINTIVO DO CPFO - PROPOSTA
A proposta inicial é a de distinguir os integrantes da Polícia Militar do Estado de São Paulo que concluíram o Curso Preparatório de Formação de Oficiais (CPFO) realizado na Academia de Polícia Militar do Barro Branco (APMBB), com a concessão de um distintivo, que será elaborado em metal e/ou tecido, para uso nos uniformes da Instituição, fixado por um alfinete com 35 mm ou bordado com velcro, observadas regras de uso específicas do Regulamento de Uniformes da PMESP.
Como afirma Wykes, na introdução da obra de Jack Pia, "insígnias e símbolos são usados pelo homem desde a mais remota antiguidade, e qualquer povo, por mais primitivo, os ostenta. Eles estão presentes em nosso dia-a-dia, e são aplicados na técnica das comunicações, na heráldica, na museologia, na propaganda comercial, na psicologia... Especialmente no campo da indumentária, eles surgem em grupos e fraternidades religiosos, militares, cívicos, maçônicos, esportivos, estudantis e outros para, através de uniformes e ornatos, torná-los reconhecíveis aos demais, e dentro do próprio grupo, para distinguir os diversos graus de autoridade e de aperfeiçoamento."
Apesar da falta de registros históricos mais precisos, é sabido que o interesse em apresentar proposta de tal distintivo surgiu entre a Oficialidade acadêmica, na década de 1980, quando funcionava regularmente na Academia do Barro Branco, o CPFO.
Por várias razões, o desenho em análise neste documento foi elaborado naquela ocasião, pretendendo reunir de forma singela, a esfera armilar (retirada do brasão da Academia do Barro Branco) e sobrepondo a tudo, as três estrelas de ouro, que simbolizavam o escudete do Aluno-Oficial que frequentava o 1º ano (1 estrela) e o 2º ano (2 estrelas) do CPFO.
Trata-se de uma figura harmônica, formada por um escudo redondo (o costume, então, mandava utilizar o escudo português clássico) filetado de ouro; sem acrescentar "asas", "tenentes" (figuras humanas), ramos de louro e carvalho ou armas (fuzil e espada), como era tradicional naquele tempo; mas apesar do tamanho reduzido (ou da simplicidade do desenho), o distintivo reúne nesse conjunto, elementos que traduzem grande valor para quem encarou o desafio de frequentar o CPFO (e certamente para os Cmt da então 4ª Cia Es, entre as décadas de 1970 a 1990).
DESCRIÇÃO HERÁLDICA
O distintivo é composto por escudo redondo, com 16 mm de diâmetro, filetada de ouro, contendo a esfera armilar - que representa autoridade, concórdia, eternidade, ciência - com cinco meridianos, o equador, os trópicos, os círculos polares e uma eclíptica colocada em banda, atravessando diagonalmente; sendo todas as armilas de ouro - metal heráldico que indica nobreza, esplendor, glória, fé, justiça; ao fundo da esfera armilar, destaca-se um campo de blau - esmalte azul que simboliza perseverança, zêlo e lealdade, glória, vigilância, fortaleza, constância, amor da pátria, fama, vitória; sobrepostas à esfera, três estrelas de ouro - indicam guia seguro, aspiração a coisas superiores e ações sublimes -, sendo uma à destra, situado entre o equador e o trópico de capricornio, sobre o meridiano, e outras duas à sinistra, estando a superior situada entre o trópico de câncer e o círculo polar ártico e a inferior entre o equador e o trópico de capricórnio.
DISTINTIVO DO CPFO - CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS SOBRE A PROPOSTA
A esfera armilar dourada empregada em bandeiras da monarquia portuguesa é considerada, em alguns trabalhos sobre vexilologia, como sendo o pavilhão privativo do Príncipe do Brasil - título do príncipe herdeiro do trono de Portugal, a partir do reinado de D. João IV (http://3.bp.blogspot.com/Bandeira_Reino_Brasil_azul).
O certo é que D. João II concedeu ao Infante D. Manuel (1495 - 1521), por divisa pessoal a figura da esfera armilar, um instrumento já utilizado pelos antigos gregos para dar idéia da movimentação aparente dos astros; essa esfera compunha-se de dez círculos ou armilas: o meridiano, o horizonte, os dois coluros, a eclíptica com o zodíaco, os dois trópicos, os dois círculos polares, figurando a terra no centro.
Nesta época, D. Manuel era nomeado Governador do Mestrado da Ordem de Christo (que surgiu no lugar das antigas Ordens dos Cavaleiros Templários e dos Hospitalários) , com sede em Tomar, no antigo castelo dos Templários, cuja edificação será ampliada posteriormente para nele criar a Escola de Sagres (EMC, PRODESAN, 64).
Na tradição heráldica, a esfera armilar representa autoridade, concórdia, eternidade, ciência (Ronchetti, 468 e 897).
Na tradição acadêmica, a esfera armilar associada à figura do livro aberto encimado pela estrela e circundado pelos ramos de louro e carvalho, já está caracterizada como símbolo do ensino policial-militar, uma vez que o conjunto todo compõe o distintivo do CFO.
A estrela tem cinco pontas em raio (Moya, 103); indica esperança de sucesso diante de uma ação arriscada (Coston, 108); significa explendor de nobreza (Bouillet, Dic.); simboliza também, guia seguro, aspiração a coisas superiores e ações sublimes (Guelfi, 521).
Em heráldica, as cores empregadas em brasões, distintivos, etc, são designadas genericamente de "esmaltes". Os esmaltes são classificadas em metais (ouro; prata), cores (goles = vermelho; blau = azul; sable = negro; sinople = verde; púrpura) e forros (arminhos; veiros) (Matos, 75).
É sabido que cada cor tem um significado especial, assim podemos afirmar que o ouro indica nobreza, riqueza, esplendor, glória, poder, força (Guelfi, 291); é o mais nobre esmalte (metal) do brasão: simboliza a força, a fé, a riqueza, o mando (Guelfi, 396); a justiça, clemência, generosidade, amor, pureza, saúde, alegria, prosperidade, vida longa, eternidade, poder, constância (Asencio, 60).
Por outro lado, o azul (blau), simboliza justiça, perseverança, zêlo e lealdade (Asencio, 63); representa firmeza incorruptível, glória, virtude (Guelfi, 64); o azul nos guerreiros exprime vigilância, fortaleza, constância, amor da pátria, fama, vitória (Crollalanza).
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA
_________. A Bandeira e Simbolos Nacionais - Diário Oficial do Município de Santos - Série Educação Moral e Cívica - 1; PRODESAN; 1970.
Matos, Gastão de Mello de et Bandeira, Luis Sttubs Saldanha Monteiro. Heráldica. Ed Verbo. Lisboa. 1969
Moya, Salvador de. Biblioteca Genealógica Latina - Simbologia Heráldica; Suplemento da Revista Genealógica Latina. São Paulo, 1961. http://3.bp.blogspot.com/Bandeira_Reino_Brasil_azul http://brasilidadenossa.blogspot.com.br/2010/10/bandeira-brasileira-significado.html"
O CP foi extinto em 1992.
ResponderExcluirCorrigido, obrigado!
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