quarta-feira, 27 de junho de 2012

O Símbolo de Polícia Militar: As Pistolas Cruzadas.

Hoje em dia, quem vê a imagem de duas pistolas cruzadas nas golas dos Policiais Militares brasileiros não faz idéia de sua origem.
Todo o Policial Militar paulista, logo que entra na Instituição, entre tantos termos e coisas novas, é apresentado a um símbolo cujo nome soa um tanto estranho no início: são conhecidas como “as bucaneiras da gola”. Há quem o chame de “os bucaneiros da gola” ou simplesmente “os bucaneiros”.
Trata-se de uma insígnia que vai se tornar muito familiar com o passar do tempo. São as duas pistolas antigas, símbolo adotado no Brasil para designar Polícia Militar, seja como parte das Forças Armadas, seja como Força Militar Estadual.
Fiquei curioso e procurei saber o porquê desse termo.


A arma:
         As pistolas que aparecem no símbolo não são pistolas quaisquer. Elas tem nome e sobrenome.
As Harpers Ferry Modelo 1806, calibre .54, de pederneira, fabricadas no Arsenal do Exército dos EUA foram um avanço em termos de tecnologia.
As diversas partes desse modelo de arma eram padronizadas e, portanto, intercambiáveis, agilizando sua manutenção.
Foi a arma de porte padrão do Exército dos EUA por muitos anos.



Os primeiros a adotar as pistolas cruzadas como insígnia de Polícia Militar foram os Estados Unidos da América em 1923.
De fato, ela foi a quarta variação de símbolo para a Military Police.
O desenho inicial consistia de dois cassetetes cruzados uma vez que era a arma básica dos MP (Military Police), porém, era freqüentemente confundido com os canhões cruzados da arma de artilharia.
A proposta seguinte eram as maças cruzadas, os cassetetes da era medieval, porém, reclamava-se que eles eram parecidos com amassadores de batatas.  Um novo símbolo teve que ser criado.
A terceira proposta eram as pistolas automáticas Colt .45 M1911, cruzadas, mas, novamente, a confusão com outra imagem, dessa vez a aparência de esquadros de carpintaria cruzados, determinaram  um novo desenho.
Afinal, concordou-se com  o desenho das pistolas Harpers Ferry e elas foram adotadas.
A ordem foi assinada pelo Chefe do Estado Maior à época, o General John J. Pershing em 1923, tornando-se o símbolo Oficial de Polícia Militar dos EUA.
Como veremos a seguir, o termo “pistolas bucaneiras” não é correto, uma vez que o modelo de pistola usado, surgiu décadas após a atuação dos bucaneiros na independência norte-americana.


O símbolo no Brasil:
Devido ao fato de ser um símbolo criado nos Estados Unidos da América, há quem se queixe que ele não tenha correlação conosco para ser adotado como símbolo para Polícia Militar em nosso país.
A história, contudo, demonstra que os brasileiros tem muita afinidade com aquele símbolo.
Em 1942, Quando o Brasil declarou guerra ao eixo e decidiu mandar tropas para a Itália, sentiu-se a necessidade da criação de um Corpo de Polícia a fim de manter a ordem das tropas, fazer a escolta e a guarda de prisioneiros e o serviço de polícia nas áreas ocupadas.
Como levaria muito tempo para se criar uma força assim, o General Mascarenhas de Morais, que havia servido em São Paulo, teve a idéia de convocar um contingente de policiais paulistas e incorporá-los à Força Expedicionária Brasileira – FEB.
Foi então que 78 Military Policemen, brasileiros paulistas, foram para a segunda guerra mundial, sendo o primeiro núcleo do que viria a ser mais tarde a atual Polícia do Exército brasileiro.
Nossas forças na Itália, contudo, careciam de equipamento e táticas mais adequadas para enfrentar o inimigo nas condições diferentes do que se havia encontrado até aquele momento em termos de confronto bélico.
Os Estados Unidos da América, então, forneceram seu armamento, equipamento e treinamento.
A fim de serem identificados como um exército aliado, o uniforme e insígnias eram os mesmos dos americanos, razão pela qual a Polícia Militar passou a usar o símbolo das pistolas cruzadas mantendo-o na volta.
O Coronel PM Telhada, em seu esplendido livro “a Polícia de São Paulo nos Campos da Itália” descreve essa história em detalhes.
A primeira aparição do símbolo no Brasil foi num boletim do Exército, no qual é dito que ele deve ser idêntico ao dos EUA, exceto pelo fato de serem costurados com linha cinza e não amarela como os americanos:
Heráldica:
Quando duas figuras alongadas se cruzam em forma de uma aspa (formando um "X"), como espadas, lanças, ramos de plantas, etc. se diz que elas estão "passadas em aspa" ou sautor.
Pelo regulamento de Uniformes da PMESP, manteve-se a tradição de se usar o símbolo da mesma forma que se usava na segunda guerra mundial: a pistola da esquerda estando sobre a da direita.
Deve-se observar que, em heráldica, a esquerda e a direita são definidos como se a pessoa estivesse usando o símbolo no peito, o que significa que é o inverso de quem olha para a imagem.

A lenda sobre o símbolo que se mostrou errada:
Os bucaneiros teriam sido recrutados pelos EUA, para sua guerra de independência contra a  Inglaterra.
O acordo rezava que ao término da guerra, os crimes cometidos por eles seriam perdoados.
Para serem reconhecidos, eles usavam uma bandeira com duas pistolas cruzadas.
Bucaneiro é outro nome dado aos piratas da região das Antilhas.
O termo bucaneiro vem de buccaneer, que, por sua vez, é derivado de bucan na língua indígena Arawak da América do norte. É um sistema para se defumar carne, muito utilizado pelos piratas daquela região. Quem fazia o bucan era, portanto, bucaneiro ou boucainier, apelido dado pelos franceses.
Ora, se os bucaneiros só existiram até o início do Séc XVIII e as pistolas Harpers Ferry começaram a ser produzidas no Séc. XIX, é impossível que elas tenham qualquer relação com os bucaneiros e, portanto, o termo “pistolas bucaneiras” não passa de uma de tantas lendas que surgem não se sabe de onde.

domingo, 24 de junho de 2012

Medalha Ao Mérito - Corpo de Bombeiros - 1946


Há alguns dias comentei sobre a criação das medalhas “AO MÉRITO”.
Esse é o modelo feito para o Corpo de Bombeiros.
No anverso temos a imagem de uma fênix renascente das cinzas, trazendo nas garras o brasão da cidade de São Paulo, circundado pelos dizeres SACRIFÍCIO –DEDICAÇÃO – MÉRITO.
No reverso, o archote flamejante entre duas achas cruzadas e atadas, circundado pelos dizeres CORPO DE BOMBEIROS DE SÃO PAULO. 
Era em bronze para Praças e prata para Oficiais.
Assim como a “AO MERITO” da Força Policial, durou pouco mais de um ano.
Criada pelo Decreto-Lei 16453, de 12 de dezembro de 1946, foi extinta pela Lei 64, de 13 de fevereiro de 1948.
O que eu não entendi nessa medalha é o motivo pelo qual puseram o brasão da cidade de São Paulo numa medalha de uma Corporação Estadual.
Este exemplar, como outros que já postei, pertence ao acervo do meu amigo Alfredo Duarte dos Santos.
                   A fita, contudo estava errada e optei por fazer uma “fita virtual” a fim de mostrar como seria o modelo com a fita correta.
Clique aqui para acessar o modelo "Ao Mérito" da Força Policial.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Distintivo do Curso de Cinotecnia da PMESP



Uma das lembranças que tenho do meu tempo de criança é de ter visto e ficado fascinado com uma demonstração do canil da então Força Pública na minha escola.
O policiamento com cães demonstra todos os dias sua utilidade em várias partes do mundo, principalmente no combate às drogas ilícitas ou naquelas situações em que os instintos aguçados do cão vão ajudar o policial a resolver uma ocorrência.
É admirável o carinho e esmero com que os componentes do canil da PMESP tratam os animais e esse trabalho especializado.
 
O Policial Militar ao ser classificado na 3ª Cia/Canil realiza um curso de Cinotecnia, com duração de 40 dias, onde após aulas de técnica de adestramento, teoria cinotécnica, emprego policial militar do cão, noções de veterinária canina e prática em cinotecnia, onde, ao final do curso é submetido a várias avaliações e se aprovado, estará apto a adestrar um cão para o serviço policial e conduzí-lo durante seu serviço.
 
Para adestrar e trabalhar com cães de faro de explosivo, entorpecente e busca, o Policial Militar realiza um estágio, denominado EEP – Adestramento e Emprego de Cães Farejadores, que consiste em 120 horas/aula, habilitando-o assim a realizar este tipo de serviço.
       As pistolas "Harpers Ferry" designam a atividade Policial Militar e as letras SP são a abreviarura de São Paulo.

 

domingo, 17 de junho de 2012

Medalha Defesa Da Saúde - Serviço de Saúde da Força Pública - 1962


“Per aspera ad astra” (pela dificuldade até os astros).
                        Sob esse mote foi criado o Centro de Estudos Médicos da Força Pública (CEM), em 26 de março de 1951, sob a Presidência do Maj. Médico Dr. Antônio Eugênio Longo.
Naquele tempo, as atividades do CEM iniciaram-se com reuniões científicas, uma vez por semana, no quarto do médico de dia na no Hospital da Força Pública na Rua Jorge Miranda, transformado em sala de aula.
O CEM, no 70º aniversário do HM, realizou um Congresso Internacional que durou todo o mês de setembro de 1962.
Nessa ocasião foi criada a medalha em Defesa da Saúde.
                       Não encontrei nenhum decreto a respeito dessa medalha. Talvez não tenha havido.
O exemplar a que tive acesso para as imagens pertence ao acervo do meu amigo, estudioso das coisas da Segurança Pública e colecionador Alfredo Duarte dos Santos.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Distintivo do Curso de Direção Defensiva para Motorista Policial


Não basta ter a Carteira Nacional de Habilitação para se conduzir uma viatura da Polícia Militar paulista.
A atividade policial expõe o Policial Militar a situações que demandam ações não comuns para o motorista em seu carro particular.
O candidato a condutor de viatura é submetido a um curso e a outras avaliações para aferir se o PM está em condições de executar seu trabalho de Policial Militar ao volante.

           Para receber esse distintivo, contudo, é preciso ainda mais. É necessário fazer o Curso de Direção Defensiva ministrado pela Escola Superior de Formação de Soldados localizada em Pirituba, na cidade de São Paulo.
 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Medalha Ao Mérito – Força Policial – 1946


Entre 1937 e 1945 o Brasil viveu o “Estado Novo”, nome de batismo da ditadura de Getúlio Vargas.
Durante esse período, expressar a individualidade dos Estados estava proibido, principalmente a utilização dos símbolos e cores estaduais, tendo sido modificadas inclusive as medalhas Estaduais que já existiam.
Também por ordem da ditadura, a então Força Pública passou a se chamar “Força Policial” por todo o período de existência do Estado Novo em quase todos os Estados.
Minha tese é que, não coincidentemente, um ano depois da ditadura Vargas, surgiram as “Medalhas ao Mérito”.
Em 12 de dezembro de 1946, o governo do Estado de São Paulo resolveu criar medalhas aos profissionais de segurança pública que se destacassem por algum serviço ou tenham dado constantes provas de valor pessoal e de dedicação às suas corporações. 
       Foram cunhados três tipos diferentes de medalhas “Ao Mérito”: para a Guarda Civil, para a Força Policial/Força Pública e para o Corpo de Bombeiros)
Elas tinham os graus prata para Oficiais e Inspetores e bronze para Praças e Guardas.
A exigência em termos de tempo de serviço era ter servido no mínimo cinco anos em cada Corporação.
No caso da medalha da Força Policial, (a Força Pública ainda não tinha recuperado seu nome do período democrático), no anverso temos uma espada entre dois ramos de loureiro em diadema.
No reverso, também dentro de um diadema, os dizeres FORÇA POLICIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO.
A fita pode voltar a ostentar as cores do Estado de São Paulo.
O decreto não menciona barreta ou qualquer outro acompanhamento.
Ela teve existência curta, com pouco mais de um ano de duração.
Criada pelo Decreto-Lei 16453, de 12 de dezembro de 1946 e foi extinta pela Lei 64 DE 13 de fevereiro de 1948.

domingo, 10 de junho de 2012

Medalha Mérito e Dedicação – APMBB - 1986


Durante o Curso de Formação de Oficiais, os Alunos Oficiais recebem tudo o que precisam para que possam estudar e levar adiante sua vida escolar.
Como em todos os órgãos de ensino superior, se faz necessário também a existência de um Diretório Acadêmico para dar um suporte a mais nos detalhes e facilitar a vida cotidiana do corpo de alunos.
Na Academia do Barro Branco alguns alunos são eleitos para compor o “Diretório Acadêmico XV de Dezembro”. Esse trabalho é feito de forma voluntária, cada um empenhando o pouco horário livre que um Aluno Oficial dispõe, para colaborar com todo o grupo.
Esse esforço é premiado pela “MERITO E DEDICAÇÃO”.
Além dos próprios Alunos Oficiais, outras pessoas que tenham colaborado para o mesmo fim também podem receber a medalha, informalmente conhecida como "Medalha do D.A."
A medalha Mérito e Dedicação já existia antes, mas, foi oficializada pelo Decreto Estadual 25348, de 4 de junho de 1986.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Medalha Cruz de Sangue - 1998


Não existe medalha com maior carga de emoção que uma medalha de sangue, em qualquer força, de qualquer lugar do mundo.


Na Polícia Militar paulista o juramento de defender a sociedade com o sacrifício da própria vida passa das palavras para a realidade com certa frequência.
O objetivo principal dessa condecoração é reconhecer publicamente os verdadeiros heróis que, por seu desprendimento, coragem e principalmente a voluntariedade na assunção de risco, tenham sofrido ferimentos que ensejaram inatividade temporária ou definitiva no desempenho da função policial ou em razão dela, para a defesa da comunidade.
A medalha tem três graus:
Bronze para quem sofre ferimentos não permanentes.
Prata, para quem sofre ferimentos que o incapacitam permanentemente.
Ouro para o Policial Militar que morre defendendo a comunidade para a qual trabalha.
Medalha criada pelo Decreto Estadual nº 42953 de 20 de março de1998.
Os modelos aos quais tive acesso são muito bem feitos, apresentando um trabalho competente e com materiais corretos.


domingo, 3 de junho de 2012

Distintivo do Curso de Policiamento de Trânsito - Obsoleto



Há algum tempo, mostrei o distintivo do Curso de Policiamento de Trânsito atual.
Hoje vou abordar o distintivo antigo, usado, eu acredito, até o final dos anos 70 ou início dos 80.
É difícil estudar os distintivos de cursos, uma vez que não há decretos, apenas alguma publicação em Boletim Geral que demanda muito garimpo de informação.
Esse distintivo é muito bonito, mas, foi substituído, não se sabe porque nem exatamente quando se passou a ser usado o novo.
Se algum leitor souber, agradeço a informação.
Esse distintivo em particular foi recebido pelo então Capitão Galdino, meu pai, em 1974.

          A águia tem muita similaridade com a águia alemã pelo fato do curso ter se originado de uma visita de Oficiais da PMESP àquele país para estudar o assunto.
O distintivo usado atualmente pode ser visto clicando aqui